Pular para o conteúdo principal

Oro




Nem sempre me ajoelho, aliás, quase nunca... Minha reverência é  interna e fora do corpo, pois sempre minha alma está próstata. Meu coração é inquieto e meus pensamentos agitados, tenho ansiedade nas veias e o movimento me ajuda a colocar ordem na confusão e assim minha oração se faz sincera.
Não tem hora, nem lugar, não importa o clima, o barulho, o ambiente, a roupa, o sapato, o movimento... é continua, fluída, direta, espontânea, natural.
Minha oração é minha. Nem sempre para mim, nem sempre para os meus, mas sempre minha. É terra sagrada, onde ninguém pode ir, entro de pés descalços, sem armaduras, de cara limpa e alma nua. É meu exercício de sanidade, de lucidez.
Não oro porque o Eterno queira ou precise, não oro para ter a proteção dos anjos. Oro porque preciso me ouvir falar com o Eterno. Oro porque preciso me ouvir confessar, oro porque preciso ME ouvir, mesmo quando não com palavras, mesmo quando a oração são lágrimas, ou silencio, um pensamento curto ou longas horas de reflexão. Oro porque preciso dizer as coisas que Ele já sabe, mas que, em muitas vezes, a cura é deixar a memória contar a história, entrar em contato, reviver... Oro porque orando me equilíbrio, me conheço.
É preciso orar sem cessar. Para não enlouquecer, para não se perder na insensibilidade de cada dia, para se manter humano, são. Oro porque a vida exige virtudes das quais não nasci e que só a oração ensina. Oro porque sou cheio de carências não manifestas, sufocantes que só com oração esvaem. Oro, acima de tudo, porque sei o efeito de não orar. A deterioração da essência sem que se perceba a perca da alma.


Comentários

  1. Um ato de introspecção, de busca do eu, quem o faz normalmente encontra Deus.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Sem contemplação, o interessante é a participa-ação, Comente bem

Postagens mais visitadas deste blog

No Caminho de Emaús

No caminho de Emaús,  Esperança posta no chão,  vimos Cristo numa cruz,  ao terceiro dia não.. Foram tantos os milagres e palavras de amor acolhia a todo pecador, sua voz acalmava os mares e curava a nossa dor em carne o criador.... No caminho nos surgiu, um estranho viajor sem saber se nos ouviu perguntou... qual tristeza, qual a lacrima, qual dor... com os olhos razos dagua, coracao se apertou a fé ja não vale nada, mataram cristo senhor, num madeiro nosso sonho terminou... QU

Sorriso Solto

 Um sorriso solto, daqueles inocentes, que a gente quando percebe já está sorrindo e a vontade é de não parar, aqueles que aliviam o peso de todo um dia, um segundo breve de relaxamento que se permite sem planejar, um sorriso bobo, por alguma ingenuidade e até alguma idiotice que sem gatilho a memória traz, um sorriso silencioso, que a afeição do rosto por inteiro se contrai,  ...de repuxar os lábios, arquear os olhos e enrugar as bochechas, um sorriso sincero, despretensioso, com o peso do dia, tem tanto... tanto poder. Tem alivio, tem descanso e até, sem saber, tem esperança, um otimismo presente, sem alarde, sem precisar ser explicado. As vezes a alma pede e a vida trás, como uma amostra, pequena, passageira, mas necessária de calmaria, porque as vezes a mente aquece e o corpo não consegue entender e responder e chega à beira de se exaurir, as vezes a gente finge que tudo vai bem, sem saber quando enfim o bem vai chegar e nessas vezes faz catarse, seja no corpo ou na mente, mas grit

Fome de Vida

Hoje não quero expor meus resultados financeiros, a rotina do trabalho, dos exercícios, as novas compras, as últimas festas, a superfície, o pífio, a parte ególatra e ébria, de caráter frágil e insubsistente, de vaidade torpe e efêmera, vanitas! Mas com fome de vida, gostaria de me ocupar e de expor o que está afã, do que é profuso, perene, indelével, ter o elucubrar da existência, do equilíbrio, do que ausenta a angustia, do que supera as ilusões, do que trata sem excessos, que não é extremo, não é medíocre, que tem raiz, que é intrinsecamente humano e substancial! Mas “o que faço não o aprovo; pois o que quero não faço, e o que aborreço faço”. O que me ocupa o tempo e objeta o espírito é vanitas! Os medos suplantaram os sonhos, a pressa pausou a vida, a ordem é um padrão inconsistente, pequeno, sedutor, mirrado, o caos antagoniza a morbidez dos dias e viver se torna cada vez mais um esvaziar de alma e brilho. Mirar na luz da esperança, o apego fim das forças que restam é o caminha